A morte repentina de um tirano vitalício
Um dos regimes ditatoriais mais bizarros do mundo terminou ontem com a morte, aos 66 anos e por ataque cardíaco, do autodenominado turkmenbashi, ou "Pai do Povo Turcomeno". Saparmurat Niazov era presidente vitalício do Turcomenistão, país muçulmano e desértico da Ásia Central, encravado entre Mar Cáspio, Irão, Afeganistão e Cazaquistão.
Além da famosa estátua de ouro maciço, que rodava seguindo o movimento aparente do sol, o ditador turcomeno era autor de um regime de modelo estalinista, com culto da personalidade. A respectiva imagem aparecia em todo o lado, no cantinho da televisão pública, por exemplo. A sua obra Ruhnama, Livro da Alma, era base do currículo escolar.
Niazov decretou inúmeros absurdos: da proibição de uso de dentes dourados à exigência de um curso de 16 horas de estudo do Ruhnama para se obter uma simples carta de condução. Após ter despedido 15 mil trabalhadores de saúde, mandou substituir o Juramento de Hipócrates por um texto baseado na sua obra filosófica-política. Mas, para além do lado folclórico, este era um regime totalitário, que encarcerava os seus opositores, reais ou imaginários.A faceta sinistra do regime de Niazov não impediu que todos os relatos jornalísticos provenientes da capital, Ashgabad, mencionassem ontem o choque dos entrevistados. A maioria dos turcomenos nunca conheceu outro líder.
Em DN
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