Não hiberno porque não quero fazer figura de urso.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Quanto vale uma licenciatura em Portugal?

Sempre que chegamos a esta altura de candidaturas ao ensino superior a reflexão é quase obrigatória: quanto vale em Portugal uma licenciatura?

O número de recém-licenciados no desemprego tem vindo a subir nos últimos anos. É uma má notícia, mas não é nada de novo. E nem sequer é novo que este desemprego ocorre sobretudo na área das humanidades. Recentemente vi numa estatística que 50% dos recém-licenciados que não consegue uma primeira colocação no mercado de trabalho é licenciada em Direito, Ciências Sociais e Educação. 50%!
Ainda assim, a oferta destes cursos nas universidades portuguesas mantém-se com elevado número de vagas e procura. Há mesmo quem, sabendo disto, se disponha a pagar uma licenciatura numa destas áreas numa universidade privada. É isso que espanta! Que uma geração com elevado grau de acesso à informação continue a decidir o seu futuro de forma autista e completamente à margem da realidade.
Que Portugal continue a formar, nestas áreas, desempregados é mau. Que os nossos jovens, sabendo disto, insistam em seguir um caminho que os condena ao desemprego, a salários mínimos, a instabilidade laboral ou alcançar um canudo que guardaram orgulhosamente na gaveta sem qualquer utilidade prática, é ainda mais chocante!
O país tem hoje, provavelmente, a geração mais qualificada que alguma vez teve (se considerarmos numa linha directa a percentagem de licenciados). Mas tem também a geração mais dependente, aquela que sai mais tardiamente de casa dos pais, aquela que encontra estabilidade laboral mais tarde (quando encontra), a mais desencantada com a profissão, com a carreira, a mais pessimista quando se fala de oportunidades, a mais avessa ao risco e ao espírito de conquista.
Mudar este panorama passa por uma reestruturação do ensino superior, mas passa sobretudo pelas camadas mais jovens. Aquelas que têm na mão o poder de escolha e de decisão sobre o seu futuro. Depende deles, mais do que de outros, a inversão desta realidade. A eles cabe perceber, de uma vez por todas, qual o real valor de uma licenciatura em Portugal e fazer uma escolha mais pela razão do que pelo coração.

Expresso