Não hiberno porque não quero fazer figura de urso.

terça-feira, outubro 31, 2006

Freedom to copy do Bitaites

ELOGIO DOS CRÍTICOS

“Há três espécies de críticos: os importantes; os que são menos; os que não são nada. As duas últimas espécies não existem: são todos importantes.”

Deveria fazer uma critica para ficar bem visto?
Ok! Este blog mete nojo!!!

E dai?

Portugueses já só conseguem poupar 8,2 euros por cada 100

Alguem anda a poupar a minha parte?

Eu ando a gastar o meu e o de mais alguem!

Mr. Espetaculo

Robbie Williams fala do novo disco.

União Europeia vai apoiar investimentos na energia nuclear

E pode contra com o meu apoio tambem!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Alguem de um premio a este homem!

Pinochet em prisão domiciliária

Depois do que ele fez toda a vida, ser acusado de tortura e ficar a descansar em casa…


Starters Kit

Tarde de Rock n’roll

Já espaireci a fadiga
Queria soltar o meu brado
Mas sem armar grande espiga
Para que não seja constado
Sou respeitado e pacato
Sou ordeiro sou discreto
Bebo uns copos em recato
Para não ir tão circunspecto


Um café e um bagaço
Só para assentar a bebida
Quero ver tudo bem baço
Só assim acho saída
Agora estou como o aço
Vou começar a plissar
Um soluço e um abraço
E a vontade de cantar

Rui Veloso

Há café (Sical) e vodka, já não é mau!

Banda sonora da manha:

Madredeus
Faluas do Tejo
Fado Das Dúvidas

Se já não lembras como foi
Se já esqueceste o meu amor
O amor que dei e que tirei
Não queria lamentar depois

Mas uma coisa é certa eu sei
Não tive nunca amor maior
E ainda vivo o que te dei
Ainda sei quanto te amei
Ainda desejo o teu amor

Não tenho esperança de te ver
Não sei amor onde andarás
Pergunto o todo o que te vê
E nunca sei como é que estás

Agora diz-me o que farei
Com a lembrança deste amor
Diz-me tu, que eu nunca sei
Se voltarei ou não para ti
Se ainda quero o que sonhei

MST

Aqui no Expresso esta um exemplo que nem tudo o que MST diz se devia de escrever.
Ja agora se nao conhece, devia perder algum tempo para poder fazer a sua critica.
Talvez se conhecer melhor, a critica nao seja generalizada ou pelo menos mais fundamentada.

sábado, outubro 28, 2006


Bom fim de semana.


Banda sonora da manha:

Dos Gardenias


Dos gardenias para ti
Con ellas quiero decir:
Te quiero, te adoro, mi vida
Ponles toda tu atención
Que seran tu corazón y el mio

Dos gardenias para ti
Que tendrán todo el calor de un beso
De esos besos que te dí
Y que jamás te encontrarán
En el calor de otro querer

A tu lado vivirán y se hablarán
Como cuando estás conmigo
Y hasta creerán que se diran:
Te quiero.
Pero si un atardecer
Las gardenias de mi amor se mueren
Es porque han adivinado
Que tu amor me ha traicionado
Porque existe otro querer

Maria Rita

Euromilhões da próxima semana com "Jackpot" de 131 milhões

sexta-feira, outubro 27, 2006

A minh’alma tá parva!

Cybersex me!

O mundo está perdido!
Este tem de ser consultado mais vezes!

SCUTS

Vamos la ver se eu percebi!
Campanha Eleitoral: - não haverá portagens.

A seguir: - haverá, mas só em algumas.
Depois: - Defende-se a nova opção com estudos técnicos (errados).
ópois: -Ok… só em alguns sitios, os que não protestarem muito.
Cenas dos proximos capitulos: -Vamos ao circo…

Fugiu-lhes a boca para a verdade?

Luanda, 24 Out (Lusa)

- O Presidente de Angola visita a Rússia entre 30 de Outubro e 01 de Novembro, a convite do homólogo russo, Vladimir Putin, para reforçar as relações de corrupção bilaterais, foi hoje anunciado em Luanda.
[1º parágrafo de um telex da Lusa emitido ontem (24 OUT 2006) pelas 20h35]
- O telex foi corrigido às 8h55 de hoje com um outro onde se lia: "O encontro servirá para "reforçar as relações de cooperação bilaterais " e não "relações de corrupção" como surgiu por lapso no despacho anterior."

Via
Glória Fácil...

Isto nao passa de pura especulacao!
Nao ha provas que justifiquem a insinuacao feitas pelos bloggers.
Toda a pessoa é inocente até prova em contrário!

Televisao:

"Doce fugitiva" empurra "Floribella" para o 12.º lugar do dia

Porra! Ja nao vou dormir hoje!

SIC desactiva serviço "Dicas de sexo"
Para mim o mundo acabou, ja nada mais ha a fazer!

quinta-feira, outubro 26, 2006

Coelho diz que "culpa vai morrer solteira" na tragédia da ponte

Se voce e os seus colegas de profissao tivessem feito aquilo para o qual sao eleitos muito provavelmente isto nao teria acontecido!
E demitir-se e a melhor forma de fugir as responsabilidades!

Olhem o que encontrei nas
Reflexões de um cão com pulgas...

Velhote torna-se estrela de porno

Um avo de 75 anos tornou-se uma estrela porno na Russia depois de entrar por engano numa audicao de um filme. David Bozdoganov entrou nos estudios da Gorodcki producoes a pensar ir ver um espetaculo de musculacao.
O diretor Alexander Plahov disse: "Nos estavamos a fazer uma audicao para um filme novo e tinhamos varios casais numa fase de simulacao de sexo quando eu vi um velho na parte de tras da sala. Eu dirigi-me a ele para lhe pedir que saisse quando vi aquele pacote volumoso nas calcas dele. Eu pensei, esta poderia ser uma ideia original. E eu tive razão, todos os filmes que fizemos com David foram sucessos enormes".
O maiores sucessos foram The Old Neighbour and The Handyman at Work.
Mas Plahov acrescentou: As atrizes reclamam sempre porque o David acredita no poder benefico do alho e teima em esfregar isso na erecao antes das cenas e isso deixa tudo bastante mal cheiroso.

Secil recebeu licença para fazer primeiros testes de queima de resíduos

Ja agora, o que e feito de todos os residuos perigosos? Continuam a ser mandados para Espanha ou estao nas lixeiras a ceu aberto?

IKEA Abre lojas em Lisboa Porto, Coimbra e Algarve

Lembram-se quando o IKEA abriu a primeira loja?
Que iria dar cabo dos pequenos comerciantes de mobiliario, que iriamos ter em casa so madeira estrangeira, …!
Leiam esta!
Se for verdade, o IKEA fez mais por esta atividade em Portugal do que o nosso estado nos ultimos 30 anos.
Ja agora, podiam ajudar com uns moveis la para casa, por causa da publicidade. Tacksamhet.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Como agora estou ligado a industria dos combustiveis fosseis…

Plankton for Biofuel

A Spanish company, Bio Fuel Systems, based in Alicante, Spain claims it is on the verge of producing an limitless source of biofuel based on plankton (algae).
Scientists and engineers connected with the University of Alicante formed BioFuel Systems earlier this year after three years of research. The company has been researching the potential of breeding the tiny sea-borne plants then extracting oil from vat-grown phytoplankton.
They have been able to extract the unrefined oil, but has been unable to refine it into a usable fuel. The plan on being able to refine it within 18 months. Bio Fuel Systems has drawn up industrial plans to make the fuel and says it will be able to start continuous production in 14 to 18 months.
They hope to sell the fuel for $0.25 pear litre, with a sales price of 1 euro with distribution and taxes added in.
its main benefit will be the speed at which the fuel 'crop' can be grown and harvested.
Bernard Stroiazzo-Mougin, president of the company, believes the product is a strong candidate in the race to find a fuel to replace gasoline. "It shares its advantages but not its disadvantages, and the price will be lower," he said.
Mougin also said "the system will produce massive amounts of biopetroleum from phytoplankton, in a limited space and at a very moderate cost." He said that the photo-bioreactor to be produced by his company is not the same as the biofuels being produced by other countries.
While the performance of the plankton oil is expected to be similar to other biofuels with comparable environmental advantages in terms of emissions, the fuel is expected to make significant cuts in CO2 emissions as the plankton absorbs all the CO2 which is released when the fuel is burned, although there will be emissions associated with the production process and transport of the fuel.
It is also expected to have half the emissions of carbon monoxide of petrol and no sulphur emissions.

About the only thing I have to say about this is that activity on producing biofuels from algae is heating up and getting some deserved attention. This is the first time I have heard of growing it in vats or having any trouble "refining" it.

Mas como o meu avo dizia: De Espanha nem bom vento nem bom casamento, quanto mais energies alternatives! Depois veremos...

terça-feira, outubro 24, 2006

Nortada (Por MIGUEL SOUSA TAVARES)


E ja que estou a falar de MST, devo dizer que ele plagiou mais um texto.
Conseguiu escrever
n’a bola os meus pensamentos.
Pois eu ja tinha pensado isto, mao tinha era conseguido passar para o papel e muito menos fazer publicar.

Aqui fica o texto que MST plagiou da minha cabeca, apenas adaptando o “pequeno” detalhe de eu nao ser portista:



Nortada
Os símbolos contam
Por MIGUEL SOUSA TAVARES

1
A jornada europeia da semana passada veio adensar as piores perspectivas: que nenhum dos três grandes consiga seguir em frente na Liga dos Campeões e que o Braga morra na fase de grupos da Taça UEFA. Braga e Benfica foram inapelavelmente derrotados por margem que não deixa dúvidas: 3-0. Sim, já sei, não tiveram a sorte do jogo; ao contrário dos adversários, falharam só na concretização; os resultados foram enganadores, já que dominaram os respectivos jogos em largos períodos; etc. e tal, o fado do costume. Certo, certo, é que ambos nunca chegaram verdadeiramente a discutir o resultado. O mesmo choradinho se ouviu a propósito da derrota caseira e comprometedora do Sporting: que «dominou 80% do jogo» (do qual, metade jogando contra dez), que só falhou na concretização, e por aí fora, mais do mesmo. Certo, porém, é que o Bayern entrou em Alvalade a pôr o Sporting em sentido desde o primeiro minuto e só abrandou quando chegou ao golo e se viu em inferioridade numérica. O FC Porto, depois de um arranque altamente negativo na competição, cumpriu a sua obrigação de vencer em casa um Hamburgo desfalcado e até fez o seu melhor jogo da época. Poderia ter reentrado na luta pelo segundo lugar se, lá longe em Moscovo, um árbitro espanhol não se tivesse lembrado de anular ao Arsenal, e já ao cair do pano, um golo limpíssimo do Thierry Henry. Foram dois pontos dados ao CSKA que, tudo indica, virão a ser decisivos, a menos que o FC Porto consiga a proeza de vencer dois dos três jogos que faltam e empatar o outro. Eu, todavia, olho para este cenário carregado com uma dose grande de fatalismo e pessimismo. Acho que o futebol europeu ao mais altíssimo nível, que é o da Liga dos Campeões, é hoje praticamente inacessível a qualquer equipa portuguesa. O FC Porto de Mourinho foi um epifenómeno resultante de um conjunto de circunstâncias de felicidade e mérito que acontecem uma vez em cada geração, se tanto. Lembro-me de quando estava a abandonar o Arena AufSchalke, em Gelsenkirchen, nessa noite inesquecível, pensar que certamente nunca mais, em dias da minha vida, eu iria ver o meu clube ou qualquer outro clube português ser campeão da Europa. Quando olhamos, por exemplo, para o banco
do Real Madrid e do Barcelona, no derby espanhol deste domingo, ou quando vemos o CSKA jogar contra o Arsenal com três brasileiros, dois dos quais da Selecção, e o Arsenal jogar sem nenhum inglês e onze internacionais de oito países diferentes, percebemos que o tradicional jeito português para a bola já não chega nem pode chegar para fazer frente a estas multinacionais do futebol. Por isso mesmo, eu compreendo o desabafo do José Manuel Delgado: que o Benfica leve três do Celtic em Glasgow, ainda vá que não vá, agora que nem ao menos jogue de encarnado e branco, optando por aquele horrendo equipamento cor de minhoca desenterrada, isso é que, mais do que uma derrota, é o desfazer de uma história. Ao menos isso: devolvam-nos os equipamentos das nossa equipas, tal como
eram e sempre foram até ao dia em que os marqueteiros resolveram vender clubes como quem vende sabonetes.

2 O Sporting-FC Porto, o primeiro derby do ano, foi um jogo mau e marcado pelo mau estado do terreno, pelo cansaço europeu das duas equipas e pela ausência do astro maior que actualmente brilha nos estádios portugueses: Anderson, de seu nome. Jesualdo Ferreira assumiu, com seriedade, o mau jogo e a má exibição portista — assim como podia ter assumido também o erro que foi desfazer, no lado direito, a dupla Fusile-Quaresma, que estava a pôr em sentido o Sporting, ou como podia ter assumido a vã teimosia de continuar a apostar num Lucho González que parece a alma penada do outro que por aqui passou na época transacta. Mas já Paulo Bento, revelando menor ambição, achou que o Sporting jogou bem, que teve várias oportunidades de golo (?!) e nem sequer teve pudor em reclamar uma mais que duvidosa expulsão de Paulo Assunção (teriam sido duas faltas, dois cartões amarelos...), para que, pela segunda vez consecutiva, o Sporting pudesse ter beneficiado da vantagem de jogar toda a segunda parte em superioridade numérica. Pelos vistos, onze contra onze é um problema insolúvel.

3 E com tudo a juntar-se no alto da tabela, aí vem um Porto-Benfica— espero eu e todos os portistas, já com o Anderson, que, como se demonstrou em Alvalade, representa 60% da capacidade ofensiva da equipa. Infelizmente, o Porto-Benfica já começou mal, com o episódio dos bilhetes, onde o FC Porto aproveitou para se vingar, na mesma moeda, da patifaria que o Benfica lhe fez há dois anos. Actos destes são um recado directo aos espectadores: quando o jogo é grande, dispensamos a presença de adeptos do clube forasteiro. Eis o que indubitavelmente contribui para atrair público aos estádios!

Como conseguem ler os meus pensamentos… nao consigo descobrir!!!

E para terminar:

E… eu leio… e gosto!
E gostaria de saber escrever como ele!
E gostaria de saber examinar e criticar como eles!
E se a carta for verdade…
E eu gosto…

E continuando:

Copiado de um blog que ja nao me lembro (sorry):

São Tomé, 22 de Junho de 2004

Ex.mo Sr.

Quando passeava no meio de tantos livros, em boa hora trazidos de Portugal pelo Instituto do Livro e das Bibliotecas para mais um feira de livro da lusofonia na minha São Tomé, vi um que me chamou imediatamente a atenção. Chamava-se – chama-se – Equador, e foi escrito ao longo de alguns anos – sei-o agora – depois de muita e aturada pesquisa. Digo-lhe o que me chamou a atenção: aquele magnífico postal de São Tomé antigo que ilustra a capa. Não é todos os dias – pelo menos aqui – que a nossa terra é motivo de tramas romanescas.Comprei-o então e levei-o para minha casa, aqui na cidade que dá nome às ilhas. E li. Como não, quando as palavras flúem a um ritmo que traz a leitura em cada sílaba, como se soubesse o autor do livro a nossa respiração – a nossa, de cada leitor – e a tivesse brilhantemente transposto para o papel?Li e reli, dir-lhe-ei. Numa tarde e numa noite sem que o sono chegasse tal a história que conta quem o escreveu e o que com ela eu possa ter a ver. Li e reli no dia seguinte, quase sem interrupções como se uma febre se tivesse instalado em meus olhos.Mas escrevo-lhe porquê, perguntará? Para lhe dar conta da minha febre, de como gostei do livro, de como a leitura é veículo para o sonho e para outras realidades? Não. Isso já saberá. Escrevo-lhe porque a ficção é tantas vezes verdade, da mesma forma que a verdade parece ser tantas vezes ficção.Permita-me então uma apresentação: chamo-me Gabriel e sou sãotomense. Nasci nestas ilhas há pouco mais de sessenta anos, por cá estudei, por cá trabalho numa dependência do Estado, aguardando a reforma que parece tardar em chegar. Mas não interessará o que sou mas antes de quem vim.A minha mãe chamava-se Mary e chegou aqui há quase cem anos nos braços de outra mulher. Nasceu inglesa num território ainda português, quase como eu nasci sãotomense num mesmo território. Saberá como a nacionalidade de cada um nos é mais dada pelas circunstâncias do que pelo local onde choramos pela primeira vez. Eu, sendo português, nascido na colónia, sei-me mais sãotomense. Minha mãe, portuguesa também de nascimento, sabia-se inglesa pela linhagem materna que a tinha criado.Mas que me interessará esta história genealógica, poderá perguntar-se. Interessar-lhe-á se lhe disser o nome de minha avó: Ann Rhys-More.Ela saiu de São Tomé em 1908 para Ceilão com David Jameson. Imagino o seu olhar no HMS Sovereign of the Seas, perscrutando pela última vez – julgava – as duas ilhas e imaginando um novo destino depois da tragédia. Não saberia essa mulher, minha querida avó, a tragédia que a esperava depois.Como se pode ler no Equador, se não podia David dar descendência ao instinto maternal de Ann, então como poderia explicar a barriga que crescia ao longo dos meses que se seguiram à partida para Ceilão? Da maneira mais simples e mais querida – como um milagre. Não estávamos em 2005, era o início do século XX, e a ciência era tão falível quanto Deus parecia ter um papel bem mais importante nas vidas dos nossos ascendentes. E foi assim, que David protegeu aquele feto como se Deus lhe tivesse permitido a felicidade. Imagino também os sorrisos dos jovens pais, a dádiva que, depois de tanta provação aqui em São Tomé, lhes tinha sido oferecida.Mas não. A criança nasceu com o nome escolhido de Mary ou Louis – em honra a um amigo de São Tomé –, assim o escolhesse quem a deixou conceber, fosse ela menina ou menino. Mas nasceu diferente, não era da gestação que a cor escura se mantinha, não era o roxo da falta do primeiro oxigénio. Era o escuro dos trópicos marcados na tez e no corpo daquela menina.Ann foi obrigada, sob ameaça de morte por parte de David, a vir para São Tomé. Era socialmente um pai, já. E a vergonha foi muita para este novo funcionário do Império Britânico na dita Ceilão. Contou-me isso mesmo minha mãe, como um segredo, antes de morrer: veio no mesmo barco que a tinha levado, olhar para Gabriel mais uma vez, esse que cá tinha ficado, esse sim meu avô. E aqui ficou a viver numa roça que lhe deu guarida – aquela mesma que também já a mesma guarida tinha dado a Luís Bernardo – criando Mary e deitada ao destino que os pecados da carne tinham imposto.Ex.mo Sr. Escritor Miguel Sousa Tavares, espero um dia poder contar-lhe melhor essa história que, decerto sem ter disso dado conta, ficcionou com tanta verdade. Saiba-me admirador e seu

Gabriel


E logo de seguida:

ESTRANHA FORMA DE ESCRITA


Para começar:

A poderosa razão que o lavrador Roberto Rodrigues opunha para não mandar ensinar a ler o filho, era — que ele pai também não sabia ler, e mais arranjava lindamente a sua vida. Esta vinha a ser a razão capital, reforçada por outras subalternas e praticamente bastante persuasivas.
— Se o rapaz souber ler — argumentava triunfantemente o idiota — assim que chegar a idade, às duas por três, fazem-no jurado, regedor, camarista, juiz ordinário, juiz de paz, juiz eleito. São favas contadas. Depois, enquanto ele vai à audiência ou à Câmara, a Cabeçais, daqui uma légua, os criados e os jornaleiros ferram-se a dormir a sesta de cangalhas à sombra dos carvalhos, e o arado fica também a dormir no rego. E ademais, isto de saber ler é meio caminho andado para asno e vadio.
E citava exemplos, personalizando meia dúzia de brejeiros que sabiam ler e eram mais asnos e vadios que os analfabetos.
(Camilo Castelo Branco, Vulcões de Lama)