Não hiberno porque não quero fazer figura de urso.

sábado, março 03, 2007


Nos primeiros dias do julgamento de Fátima Felgueiras falou-se principalmente de lixeiras. Das da Resin e das do financiamento dos partidos. A declaração de Fátima Felgueiras de que é "normal" (diz ela) que os partidos tenham "contas paralelas" fez as manchetes dos jornais não por ser novidade para alguém mas porque é coisa de que é suposto não se falar. Talvez por isso a autarca, a acrescer aos outros crimes, venha a ser acusada também de revelação de segredo de Estado (ou do segredo do estado a que isto chegou). Fátima Felgueiras só teve azar. Se alguns comparsas não tivessem dado com a língua nos dentes seria, como tantos outros, uma autarca modelo. O que se está a passar na Câmara de Lisboa é exemplar de que é a lei da "omertá" que vai mantendo presa com cuspo a pouca credibilidade de que políticos e vida política ainda gozam entre nós. Só quando se zangam as comadres se descobrem algumas das sórdidas verdades que se escondem atrás do financiamento dos partidos e do tráfico de influências que o alimentam. No ano passado, nenhum dos partidos com representação parlamentar cumpriu a lei, aprovada por eles próprios, de prestação de contas discriminadas dos seus financiamentos. Imagine-se se isso se passasse na contabilidade de uma empresa com um sistema.